domingo, 17 de outubro de 2010

Considerações a respeito da afirmação.



A existência do bem pressupõe a existência do mal, bem como, para o claro, há o escuro, e para o verso, o inverso. A seguir por essa lógica, pensamos a realidade como dialética em sua essência. No entanto, se, ao invés disso, pensarmos que não há mal, nem bem, mas sim pontos de vista, sendo, então, esses, ou qualquer outro, conceitos relativizáveis, essa essência dialética passa a ser apenas uma das opções de perspectiva, e não uma característica intrínseca, concreta e imutável da realidade. Pois ela [a realidade] é, em si, “imaterializável”, “indelimitável”, “incatalogável” e “indiagramável”, mas apenas passiva de apreciações parciais por parte de quem a aprecia, dentro de um recorte de tempo e espaço que, por sua vez, são, também, em si, noções humanas imateriais. Tendo tudo isso devidamente posto, refletido, e considerado, a pergunta é: “mas não seria, também, toda essa afirmação a respeito da natureza “incatalogável” da realidade, uma afirmação humana, temporal e parcial, feita por mim, o autor dessas palavras?”. Tal pensamento é conflituoso e gera um paradoxo. E é justamente aí que eu queria chegar.